quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Cansei.

Deveria ser só mais um daqueles dias comuns. Eu caminharia pelas mesmas ruas, faria as coisas de sempre, veria as mesmas pessoas, cairia na velha e habitual rotina. Tão redundante quanto as minhas falas.
Deveria ser um dia comum, em que sol ou chuva são indiferentes, em que eu passaria pelos mesmos lugares, tão entretida com meus próprios pensamentos, sem perceber o que acontece com quem passa. Ver o rosto daquela multidão anônima que se multiplica a cada passo, sem prestar atenção ou dar a mínima importância pra isso. Fechar-me no meu mundo, com meus fones de ouvido e aquele velho livro de utopias tão paradoxais a realidade, tão mais interessante que a vida das pessoas comuns. Tão vazias, tão medíocres, tão sofridas.
Olhar os velhos anúncios pelas ruas, folhear rapidamente um jornal, não perceber a beleza de tudo aquilo que é belo pelo caminho. Estampar a seriedade na cara, soar ardilosamente as palavras, exprimir o cansaço de uma noite mal dormida, correr e continuar buscar motivos pra sorrir. Viver em um sentido desprovido de qualquer razão. Querer sem motivo. Gostar sem sinceridade. Erguer-se por nada, deitar-se por muito menos. Declarar-se livre e escravizar-se ao cotidiano (a jaula que construímos a nós mesmos).
Eu desisti dos meus dias comuns. Abandonei a rigidez e simplória disciplina imposta que nunca me serviram de nada. Quebrei aqueles paradigmas vigentes. Sorri a toa por aí. Cumprimentei quem retribuiu ao riso. Deixei o guarda-chuva pra sentir a sutil frieza de cada gota que me tocava. Ignorei o despertador. Colori o mundo afora com as minhas melhores cores.
Amanhã já não importa. Hoje eu vivi um dia e deixei de lado a patética tentativa de sobreviver a ele.

Um comentário: