terça-feira, 3 de maio de 2011

Outono.


O curioso de caminhar pelas ruas por estes dias é que só agora o vento de outono começou se manifestar com expressividade, fazendo-se perceber.

Quando olho para o céu desta estação, é lindo. Até acabo imergindo naquele infinito azul, com um toque divertido e gracioso dado pelas diversas nuvens espalhadas pela sua vastidão. A gente até sente o abraço gostoso do sol em alguns momentos, mas a verdade é que o vento passa gelado. Tão gelado quanto a rispidez de alguém que de tão magoado não consegue olhar para nada além da dor.

Mas confesso que o outono é uma bela estação. Só não sei quando as folhas começarão a cair, afinal eu as vejo todos os dias verdes, vibrantes e firmes em seus galhos.

Eu gosto de ver as folhas caírem preguiçosamente, como se estivessem sendo afagadas e mimadas pelo vento, que brinca com elas enquanto as repousa delicadamente ao chão. Afinal, são as únicas capazes de suportar o frio que ele carrega.

Não sei ao certo o motivo, mas o outono, prelúdio do inverno, faz querer ter alguém por perto, antes que o vento do inverno, que quando chega a minha janela seu sibilo já vai despontando em um uivo atormentado, muito mais violento, congele a esperança que nasceu com as flores da primavera e brilhou como o sol do verão.

Lembro de chegar cedo ao trabalho, receber um beijo de uma colega e ela comentar o quanto eu estava gelada. Mesmo com todos os agalhos, em uma tentativa frustrada de ignorar o vento frio que castigou minhas buchechas com a sua falta de calor.

Só sei que outono e inverno são as melhores épocas para filmes, livros, guloseimas e boas horas sob cobertores e edredons. Também é uma excelente oportunidade para compartilhar seu calor com alguém que precise dele, ou a alguém a quem você gostaria de simplesmente aquecer.

Ah, outono. Na sua solidão, antes que a depressão do seu estado se aprofunde e o transforme em inverno, você realmente ensina que agente não deve andar por aí sozinho.

Lembre-se: Some os seus 36° com os de alguém.