sexta-feira, 13 de abril de 2012

Um mero modo de vida egocêntrico...

Há de se cortar a lenha, mantê-la seca e alimentar a fogueira. Há de se conter o fogo brando, suficiente só para aquecer quem estiver ao redor e não deixá-lo se alastrar pela mata, mas não deixá-lo se apagar.
Há quem não saiba conter sua chama, há quem não saiba mantê-la. Há quem a deixe incendiar, destruir todo um recanto, todo um quarteirão, toda uma floresta, todo um coração.
Há quem goste de plantas, mas não faça ideia de como cultivar. Há quem as arranque pelo caule, pelo perfume inebriante, pela beleza estonteante, mas não sente pesar algum ao saber que sem sua raiz logo padecerá. Há quem as use para presentear. Há quem várias já recebeu, mas nunca soube regar.
Há quem goste de velejar. Içar as velas, sentir o vento, lidar com a imensidão solitária de um mar, divagar por tantas terras quanto puder, desprover-se de apego, não se vincular.
Há quem goste do soar de sua própria voz. Há quem acredite que com seu tom pode comandar todo um futuro por ordenar. Há quem queira, fale e faça, só pare pra pensar depois de deparar-se com o massificante estrago de toda idealização, concreta ou não, sempre utópica e imatura. Um viés ignorante de saber que muito sabe e descobrir que vive mediocremente como incendiário, tratando flores com descaso, velejando pois não há lugar que lhe caiba, não ouvindo nada há não ser o sibilar histérico e enfadonho de sua própria voz, em um ciclo repetitivo dos nada surpreendentes mesmos fracassos.
Já dizia Chico Buarque: "O tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração."

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