quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O avesso.


O conjugal é complicado
O amar é simples
A engano se torna fardo
E fardo cansa
Cansaço desgasta
E o desgaste é mau humorado
E o mau humor faz doer o alheio
Seco, sujo, frio, indiferente
A insensibilidade cresce
Quase sobrepuja-se ao ego
Mas o ego se expande além
Prefere ser só
Deixa o ego oposto ao léu
E a integridade morre
E convence-se de que existe
Mas a própria verdade mente
Desde que a intuição a decifrou
Não engana-se um coração
Pois o próprio já é engano
Conturba a mente
De quem não é são e pensa ser
Mas a escolha é o que vence
E tardio sempre é arrepender-se
Embora sempre ainda haja tempo para tal
E o amor só quer dizer
Que não é sentimento de um só
Embora intransitivo
dispensando complemento
Não deixa de ser verbo
e precisa de ser conjugado
E ai sim ele surge completo
E se basta, sem confusão
E entenda que o avesso
é o que sustenta a aparência
Pois pra tudo há uma estrutura
Que revela o que se vê de fora
E isso nunca é o mais importante
Mas sim o latente, o que não se percebe
e por dentro pode ser tão belo, ou o
incerto desmantelado horrendo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário