sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ana... Marco... Rita... (Parte 17)


Já se passaram quase três meses desde a última vez que vi Ana.
Levei Rita para jantar em uns 5 restaurantes diferentes e não consigo pedi-la em casamento. Fico andando por aí com essas alianças no bolso. Olhando pra elas e pensando no meu futuro tão certo, tão incerto.
Tentei ligar pra Ana. A recusa as minhas ligações e a falta de retorno a emails e mensagens interpretei no começo como falta de tempo. Agora eu sei que ela falou sério quando disse para não procurá-la.
Por que Ana tinha que dizer a essas alturas que me amava? Como ela se sentia no direito de me confundir outra vez?
Já estava há quase dois anos com Rita. Ela era ótima comigo e eu realmente achava que era hora de dar o próximo passo.
Lembro de assistir minha mãe interagindo com Rita e com Ana. Minha mãe tratava bem, Rita, mas de Ana ela realmente gostava.
Meu celular começou a tocar. Eu precisava atender, mas eu queria só ficar sozinho com meus pensamentos. Conversar comigo mesmo e tentar me decifrar.
"Alô?"
"Oi, amor. Tudo bem? Não me ligou hoje." Disse Rita, em um tom perturbado.
"Tá tudo bem sim. Hoje foi um tanto corrido, to com bastante dor de cabeça. E com você?"
"Eu estou bem. Senti sua falta!"
"Eu também." Pela primeira vez eu disse algo assim só por falar, porque é o que se espera ouvir quando alguém te diz isso, principalmente se tratando da sua namorada, ou da mulher a quem você possivelmente pretendia pedir em casamento.
"Eu estive pensando se você não queria passar aqui e..."
"Rita, eu estou meio cansado. Preciso dormir um pouco. De verdade! Desculpa, tá?"
"Está tudo bem realmente?"
"Tá, eu só to com muita dor de cabeça. Preciso dormir um pouco, eu acho. Logo passa. Amanhã cedo eu te ligo." Eu realmente estava com dor de cabeça, mas não era tão forte assim.
"Ok, então. Vou deixar você descansar."
"Desculpa mesmo."
"Tudo bem, espero sua ligação pela manhã."
"Eu prometo. Promessa de mindinho!"
Ouvi o riso de Rita do outro lado.
"Amo você!"
E agora, o que eu respondo? Que amo ela? O que foi que Ana fez comigo? Não posso estar apaixonado por ela outra vez. Não posso, não posso!
"Amanhã te ligo e passo por aí cedinho, tá bem?" Tentei desconversar e envolvê-la em outro assunto.
"Vou te esperar. Beijo, amor."
"Beijo."
O que estava acontecendo comigo? Eu queria ver Ana, quando deveria querer estar com Rita. Que tipo de homem estou me tornando?
Dispensar minha linda namorada em uma sexta-feira a noite, sem nem ao menos passar das nove.
Não conseguia parar de pensar em Ana e sentir remorso por Rita. Resolvi ligar na casa de Ana.
"Alô?"
"Alô? Dona Martha?"
"Quem fala?"
"É o Marco."
"Marco! Que saudades de você! Nunca mais apareceu por aqui. Como você está, meu querido?"
"Eu estou bem, Dona Martha. E a senhora?"
"Bem, Maco!"
"Então, será que eu poderia falar com a Ana?"
"Marco, ela não está em casa agora. Saiu com alguns amigos do elenco."
"Elenco?"
"Você não está sabendo, Marco? Ana vai participar de um musical em Londres. Provavelmente ficará mais de um ano pela Europa, por conta da turnê."
"Ela vai embora? Quando?" Percebi o quão emergente minha voz soou e tentei me controlar.
"Ela parte amanhã, filho."
"Que horas?"
"As 11:30."
"Dona Martha, você pode dizer que eu preciso falar com ela urgente? Antes que ela vá de preferência."
"Claro que digo!"
"Obrigado!"
"Mande lembranças a sua mãe!"
"Sim, farei isso. Até mais, Dona Martha."
"Até, Marco."
Como ela podia partir assim, sem dizer nada? Se fosse definir meu estado, diria estar em choque. Tudo bem que ela pediu pra eu me afastar, mas ao menos merecia saber sobre isso. Ela iria embora amanhã. Um dia a menos, eu ligaria e descobriria que ela já estava em Londres. Por que as coisas tinham de ser tão complicadas pra nós.
Deitei em minha cama, olhando aquele par de alianças que perambulavam comigo por aí. E adormeci, pensando em Rita, pensando em Ana, e em quem eu deveria amar de fato, sendo que eu já amava a quem talvez eu não devesse amar.

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"Ana, Marco ligou."
"E?" Dei de ombros, fingindo não me importar.
"Disse a ele que você está indo embora amanhã."
"Mamãe, eu havia dito a senhora para não contar!" Minha voz ecoou estridente e agressiva.
"É injusto com ele. Você devia ouvir como ele ficou arrasado."
"Mãe, eu não me importo. Arrasado? Com certeza ele não está! Marco vai se casar em breve."
"Mas minha filha, vocês tinham uma amizade tão bonita!"
"Tínhamos, mamãe. Só que essa amizade não dava certo."
"Não dava certo por que, Ana? Você sempre foge de tudo aquilo que não tem coragem de encarar."
"Eu não estou fugindo. Só não sei se consigo ver ele se casando."
"Filha, você realmente gosta dele, não é?"
Fechei os olhos tentando retardar a força das lágrimas que voltavam a encher meus olhos, sempre que a ferida desse sentimento era cutucada. Joguei o peso do meu corpo no sofá, enquanto me rendi a tristeza daquele momento.
Minha mãe se sentou ao meu lado. Deitei em seu colo, enquanto ela acariciava meus cabelos e dizia que tudo ficaria bem.
Ela me convenceu a tomar um banho e ir pra cama.
Deitei pensando em Marco, e que já era tempo de deixar esse amor de lado, embora eu ainda o desejasse ardentemente.

Um comentário:

  1. Parabens Tau! Muito bom seus textos, ñ só os do romance. Realmente gostei mto do blog (indicação d um amigo, Pablo). Agora terei q acompanhar a saga até o final... =)

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