quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ana e Marco. (Parte 21) Final! (Season Finale)


Satisfeita com a minha entrada, afinal, eu não era tão exímia bailarina assim, olhei para a platéia procurando o olhar de aprovação de Renato. Foi então que fiquei completamente imóvel. Era como se eu sentisse frio e calor ao mesmo tempo, como se meu corpo estivesse formigando, o calafrio começou se espalhar pela minha espinha e pela minha barriga. Não podia acreditar em quem eu estava vendo. Gerrard, o bailarino que interpretava o par romântico de minha personagem, se aproximou para fazermos o levantamento, mas eu permaneci imóvel, encarando Marco, que sorria pra mim da platéia.
"Ana, o que foi?" Perguntou Renato, mas eu não consegui responder. Era como se eu estivesse em choque.
"Ana?" Ele repetiu com força, não gritando, só em um tom firme e bem audível.
"Desculpe, acho que fiquei um pouco tonta." Respondi atordoada.
"Eu te amo!" Gritou, Marco. Ele correu até uma das extremidades do palco e subiu.
Todos ficaram espantados, sem saber muito bem o que estava acontecendo.
A medida que Marco vinha a passos apressados em minha direção, meu coração pulsava com tanta força, que eu pensei que fosse perfurar meu peito.
"Marco, o que..."
"Eu vim só pra te dizer isso. Eu amo você." Ele me interrompeu. Eu sacudi a cabeça, tentando assimilar tudo aquilo, então ele continuou: "Eu sei que parece loucura, mas eu iria enlouquecer se deixasse você sair tão fácil assim da minha vida, só porque nunca tive coragem de dizer isso até agora."
"Marco..." Eu não conseguia dizer nada. Olhei para baixo desviando o olhar do dele, coloquei as mãos na cintura, respirei fundo. Senti as lágrimas transbordarem em meus olhos, em seguida escorrendo pelo meu rosto.
Marco levantou meu rosto para cruzar nossos olhares novamente, enquanto enxugava minhas lágrimas com suas mãos. Via Renato embasbacado, assistindo tudo ali debaixo, bem no pé do palco a nossa frente, com um braço cruzado, servindo de apoio para o outro. Olhos arregalados, como quem quer descobrir aonde isso vai dar.
"Ana, não quero que você pense que eu vim aqui porque quero que você seja minha namorada. Eu pensei sobre todo este tempo em que nos conhecemos e cheguei a uma conclusão."
Marco pegou minha mão direita e se ajoelhou. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo, as lágrimas escorriam mais depressa, minha respiração cada vez mais ofegante. Vi os olhos dele também encherem de lágrimas. E ele disse:
"Eu não consigo imaginar Marco sem Ana. Eu quero que você seja minha melhor amiga para o resto da minha vida e, não é só isso, quero que você seja o meu amor para o resto da minha vida também. Se você me aceitar eu não te prometo um amor eterno, porque eu não sou eterno, mas prometo te amar com todo e melhor amor que houver em mim enquanto vivermos." Marco tirou do bolso de trás da calça aquele par de alianças que escolhemos juntos para ele e Rita.
Colocou em meu dedo anelar com cuidado, beijou minha mão, olhou em meus olhos e disse:
"Agora é sua vez." Sorriu, entregando a outra aliança pra mim e estendo sua mão direita.
Então eu olhei a aliança e vi que o meu nome estava gravado nela. Ele realmente havia se preparado. Coloquei em seu dedo e admirei aquela delicada circunferência, sem início, meio ou fim, como o amor deve ser. O melhor era saber que tinha o meu nome.
Olhei de volta para Marco, em um mesclado de riso e pranto.
Ele envolveu meu rosto em suas mãos e, finalmente, pude sentir o calor dos lábios de Marco se movendo gentilmente contra os meus, o seu hálito quente, sua respiração se mesclando a minha, nossos braços entrelaçando nossos corpos, o cheiro dele, o gosto, tudo era tão perfeito, tão novo, tão natural, tão ideal e podia sentir seu coração tão acelerado quanto o meu enquanto ele parava pra me olhar, com nossos rostos colados e dizer:
"Eu te amo!"
"Eu te amo tanto." Era tudo o que eu podia e sabia dizer, como se em toda minha vida, até ali, eu só estivesse esperando por aquilo.
Então eu comecei ouvir aplausos e assobios. Claro, havia perdido completamente a noção de que estávamos em ensaio, com um cast de 50 atores, fora maquiadores, cabeleireiros, produtores, sonoplastas, figurinistas, e enfim, tantas outras pessoas envolvidas no espetáculo. Tínhamos uma platéia nos assistindo.
"Champagne, Gerrard! We need to celebrate love! Go, go!"
Renato gritava enquanto todos vinham nos abraçar, e nos entregaram duas taças com champanhe para que brindássemos. Eu não ligava para o restante das pessoas que estavam ali.
Marco era tudo em que me concentrava.
"Você é louco!" Eu dizia pra ele.
"Louco eu seria em decidir viver uma vida sem Ana."
"E se eu tivesse dito não?"
"Você não iria recusar."
"Convencido. Como você podia ter tanta certeza?"
"Eu só tive fé, Ana."
Marco voltou de Londres antes de mim. Fiquei mais 1 mês lá, até o encerramento do espetáculo em Londres.
Voltei para o Brasil tão ansiosa pelo que me aguardava. Lembro até hoje de Marco me esperando com minha mãe e meu pai no aeroporto. Lembro dos abraços, dos beijos apaixonados que trocamos, das noites compartilhadas, das nossas discussões tão pífias, das nossas reconciliações que me faziam até pensar que as brigas valiam a pena, do nosso amor tão genuíno, dos nossos sorrisos, dos nossos abraços. Lembrava da nossa história, do louco pedido de casamento, que era bem mais do que isso. Meu amor por Marco só amadurecia com o passar do tempo.
Ao ver todas aquelas pessoas em pé, sorrindo e se emocionando enquanto eu passava, olhei Marco, tão elegante, tão imponente, tão lindo, com um sorriso de menino no rosto, ansioso me aguardando, enquanto eu ia me aproximando com meu pai e ele cumprimentava Marco. Em seguida me olhou eu disse:
"Filha, eu amo você!" Papai beijou minha testa e sorriu com os olhos cheio de lágrimas. "Cuide bem dela, rapaz!" Papai sorriu e deu uma piscadela para Marco.
"Pode deixar!"
Marco beijo minha mão e me conduziu até o altar. Engraçado pensar em tudo que havíamos passado. Imaginar que durante anos eu nunca idealizei a possibilidade de casar com ele, como a história se reverteu tantas vezes, mas o amor tão puro e sincero de Marco por mim me alcançou, e quando eu o senti não houve como não amá-lo. Por isso quando eu ouvi:
"Você aceita Marco como seu legítimo esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na pobreza ou na riqueza, até que a morte os separe?"
Não tive dúvidas em responder:
"Sim!" E, acredite, eu teria dito milhares de "SIMs" se pudesse.
E tão bom quanto dizer foi ouvir. Éramos agora Ana e Marco. Marco e Ana. Vivendo a dois, escolhendo os nomes dos filhos, discutindo quando Marco deixava toalhas molhadas em cima da cama, ou copos espalhados pela pia, assistindo filmes aos sábados a noite, espremidos no sofá quando não havia o que fazer, nos amando e acordando entrelaçados. Criando juntos, cantando nossas canções de amor. Rindo e chorando, nos suportando. Dançando e fazendo cócegas, brigando pelo canal de TV. Revesando na lavagem e secagem da louça. O primeiro bom dia a se ouvir, o último boa noite ao se deitar. Tão completo, tão certo, como dois corações que eram um só, como se nossas vidas houvessem sido feitas com um encaixe em que só nós dois poderíamos caber e não outro alguém.

-FIM-

Agradecimento:
Ao amigos que leram, incentivaram e me cobraram. Foi por vocês que eu concluí o conto.
As pessoas que inspiraram meus personagens.
A todos aqueles que acreditam no amor e têm fé de que é a melhor arma para edificação de um mundo melhor.

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