sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Ana e Marco. (Parte 8)



"Stefan, você é incrível!"
"Eu disse a você meu querido. Me agradeça depois." Disse Stefan piscando pra mim com um meio sorriso de satisfação.
"Você é um novo homem, Marco! Devo admitir que você está ótimo!" O sorriso de entusiamos de Rita ao me ver me fez corar. Por alguns instantes não conseguia encará-la direito e dei um sorriso bobo, não sabia bem como agir. Tentei me recompor.
"Stefan, obrigado! Eu preciso ir agora."
"Vá, querido. Não esqueça do meu conselho!" Ele disse me encarando com um sorriso largo de aprovação e mãos na cintura. Foi até Rita, segurou seu rosto gentilmente e deu-lhe um beijo na testa. Abraçou-a e disse para que se cuidasse e ligasse sempre que precisasse.
"Até mais, Stefan!"
"Até, Marco!"
O salão ficava dentro de um shopping, e eu havia parado o carro em um pátio do estacionamento um tanto afastado daquela parte. Isso nos obrigou a caminhar um pouco. Enquanto Rita comentava como as mulheres que passavam por mim me olhavam agora, e eu ficava sem graça. Então Rita me puxa pelo braço, cruzando o dela com o meu e me levando para uma vitrine, mostrando uma jaqueta de pelica que insistia que eu deveria provar, mas eu só queria sair dali.
"Por hoje é só, Rita. Por favor, você vai me levar a falência assim. Nunca gastei tanto dinheiro em um só dia."
Ela espremeu os lábios, inclinou a cabeça, deu um meio sorriso e voltamos a andar, mas ela não descruzou seu braço do meu. Não me importei também que o fizesse. Estava considerando se deveria chamá-la para jantar naquele restaurante.
"Judiei de você hoje, mas acho que valeu a pena!" Seu sorriso encantador, iluminou seu rosto, enquanto ela caminhava graciosamente ao meu lado, agora não só com um braço entrelaçado no meu, mas cruzando os dedos em volta dele.
Então resolvi que deveria chamá-la pra jantar, não querendo forçar nada, mas sabendo que eu devia me permitir sentir algo por um novo alguém, mesmo que nada acontecesse entre nós, que fôssemos simplesmente amigos por anos, mas eu precisava descobrir o que havia ali.
"Rita..."
"Sim!" Rita me fitou, quando de repente eu fiquei paralisado, senti o frio percorrer minha espinha, meu corpo se aquecer, o coração disparar e o suor escorrer frio pela minha nuca.
Lá estava Ana, como sempre linda, parada, encarando meu olhar de volta. Vi seu semblante rígido e surpreso e como ela também estava paralisada. Não sabia se deveria falar com ela, se era o certo, fiquei por algum motivo embaraçado por ter Rita ao lado, segurando em meu braço. Não sei porquê, mas parecia saber que ela sentia o mesmo que eu naquele momento.
Então ela se virou para ir e eu gritei:
"Ana!"
Rita me fitou assustada, tentando entender quem era aquela. Ana parou como se minha voz surtisse um efeito ao qual ela não podia resistir, se virou e percebi que ela forçou seu sorriso ao me ver. Eu me desfiz das mãos de Rita e fui instintivamente até onde ela estava.
"Ana, eu..."
"Marco, não precisa dizer nada. Só não precisava ter sumido... Eu precisava de você." Ela disse em um tom melancólico, tentando disfarçar que estava bem.
"Eu precisava de um tempo pra ajeitar as coisas."
"Tudo bem. Você não me deve explicações. Não vai me apresentar sua namorada?"
"Ela não..."
"Prazer, Rita!"
Rita atravessou minha fala, entrepondo-se em nosso meio e estendendo a mão para Ana.
"Prazer, Ana."
"Preciso ir. Foi bom te ver." Ela disse forçando um sorriso e uma expressão alegre, com a voz um tanto tremula. "Até mais, Rita." Ela espremeu os lábios e andou rapidamente para longe de nós.
"Então, quem é ela?" Questiona Rita, arqueando a sobrancelha, enquanto caminha ao meu lado.
Eu realmente estava perdido. Não sabia o que fazer. Nem sabia exatamente porque tentei me explicar a Ana sobre aquilo. Eu queria correr atrás de Ana, mas não podia deixar Rita ali. Fiquei angustiado, sinceramente.
"É uma amiga. Eu pisei na bola quando ela mais precisava de mim."
"Eu senti que o clima não foi dos mais agradáveis, mas talvez você devesse conversar com ela. Vocês eram bem amigos?"
"É." Dei de ombros, mas acho que agora ela também não deve querer falar comigo.
"Se ela não quiser, não se culpe. Olhe pra você... É um novo homem agora!" Rita falou enquanto se aproximava. Então ela se inclinou e apertou os lábios contra a minha bochecha. "Vai ficar tudo bem! Eu estou aqui." Ela me abraçou e tornou a entrelaçar os dedos em volta do meu braço, enquanto me puxava para continuarmos caminhando, um pouco mais devagar desta vez, e repousou sua cabeça sobre meu ombro e o beijou. Eu dei um meio sorriso, mas a verdade é que meus instintos me faziam ter o insano desejo de correr até Ana e abraçá-la. Eu queria dizer a Ana tudo o que eu não disse durante todo este tempo em que éramos amigos. Mesmo que ela me rejeitasse, eu precisava dizer que eu simplesmente a amava e me livrar desse fardo. Finalmente entendi que eu não podia simplesmente deixar pra lá, mas tinha que resolver e não fugir.
"Ela é realmente importante pra você, não é mesmo?" Rita me olhava gentilmente, com a cabeça inclinada. "Tem algo que posso fazer pra te ajudar?"
Mediante o meu silêncio e o meu olhar distante enquanto dirigia, tudo o que eu queria era deixá-la em sua casa e ir para minha, ou na verdade atrás de Ana.
Eu balancei a cabeça em resposta a pergunta de Rita.
"Sério, Marco. Tente relaxar um pouco. Tudo vai se resolver!"
"Rita, eu sofri muito por causa daquela mulher que você viu hoje. Eu geralmente sou péssimo em falar sobre o que eu sinto. Sou péssimo em expor. Talvez por isso eu nunca tenha tido nenhuma oportunidade com ela. Ao invés disso eu resolvi ser só o melhor amigo e sempre sofria quando a via com um outro cara, mas eu aceitei isso. Até o dia que eu resolvi que tinha de seguir e deixá-la pra lá. Eu precisa me permitir viver e encontrar um novo alguém. E você apareceu..."
Rita me olhava surpresa com a confissão e pressionou os lábios enquanto eu percebi que ela tentava formular algo para dizer, mas eu continuei antes que ela dissesse:
"Você me fez melhor em todo esse tempo que nós temos compartilhado juntos. Minha autoestima melhorou até." Dei um sorriso de canto tentando fazê-la sorrir também pra não tornar a situação menos chata e melhorar o clima. "Não estou dizendo que era certo que nós iríamos ter algum tipo de envolvimento além da amizade, também não posso dizer que me apaixonei por você, embora eu acredite que cheguei perto disso, mas não consegui me libertar do que eu sinto por Ana, embora eu de verdade gostaria muito de tentar. Você já fez por mim muito mais do que podia imaginar, sério. Só continue sendo quem você é."
Ela parou de me olhar, deu um sorriso de canto, enquanto olhava pra frente em silêncio.
Não sabia se deveria pedir pra ela dizer algo, mas preferi deixar o silêncio falar por nós, enquanto eu reparava em como Rita era linda enquanto as luzes das ruas iam iluminando seu rosto pela noite com breves intervalos, e eu realmente queria sentir por ela o que sentia por Ana.
Parei em frente a portaria de prédio em que ela morava.
Ficamos algum tempo em silêncio, então tomei a inciativa:
"Bem... é... nos vemos amanhã."
Rita desprendeu o cinto de segurança, olhou fundo em meus olhos.
Ela se inclinou até mim, deixando seu rosto bem próximo ao meu. Eu podia sentir o hálito quente, podia sentir nossa respiração se confundir, podia sentir o cheiro doce dela, enquanto nossos olhares se encaravam fixamente. Foi então que ela fechou seus olhos e pressionou seu lábios quentes contra os meus, tão macios. Então se afastou e disse:
"Independente de qualquer coisa, saiba que você é incrível e merece ser feliz." Ela se afastou enquanto afagava meu rosto e em seguida me beijava a testa.
Se afastou e deu um sorriso espremendo os lábios. Pegou sua bolsa e abriu a porta.
"Ei, obrigado!" Eu disse enquanto ela se afastava e olhava pra mim sorrindo. Então ela se virou e entrou.
Fiquei um tempo parado em frente ao prédio de Rita, pensando em tudo o que havia ocorrido esta noite. Peguei o celular e disquei o número de Ana.

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