sábado, 13 de agosto de 2011

Recordando


Outro dia estava procurando pelo carregador do meu computador dentro do meu guarda roupa, quando me deparei com uma caixa empoeirada e surrada.
Soprei a poeira, o que aguçou um tanto minha renite, mas mesmo assim abri a caixa. Foi então que me deparei com uma infinidade de lembranças.
As recordações de infância vieram em cheio com todas aquelas fotos antigas, aqueles visuais retrô, nossa simplicidade e despreocupação. Isso me fez perceber que a felicidade não requer tanto.

Lembro que eu tinha medo do mar. Chorava só de pensar em entrar dentro daquela imensidão de água. Coisa de criança.
Tinha medo do zoológico por conta de uma fantasia boba de que eu poderia cair dentro da jaula de algum animal. Tinha medo principalmente da parte onde ficam as aves. Quando entrávamos naquela parte do parque eu me sentia em um filme de terror. Todas aquelas árvores que bloqueavam a passagem dos raios do sol tornando o ambiente escuro, com um clima tenebroso. É assim que me recordo desse lugar na minha ótica infantil.

Claro, com o tempo eu cresci e as coisas que me assombram também mudaram.

Lembro do meu pai. Nossa, meu pai era demais. Ele nunca se recusou a contar uma história. Cantava uma música pra gente com aquele tom grave quantas vezes pedíssemos. Todo domingo, era lei, ele nos levava ao parque enquanto minha mãe preparava o almoço. Jogávamos bola, assistíamos desenhos, fazíamos cócegas, ele deixava eu pentear os cabelos dele enquanto assistia aos jogos do São Paulo, nos ajudava com nossos deveres e claro, a parte que eu menos gostava, as broncas merecidas por conta das traquinagens.

Lembro das comidas gostosas que minha mãe fazia, e hoje já não faz mais com a mesma frequência. De acordar as 4 da manhã com o rádio relógio dela despertanto com "o pulo do gato... miau". Da insistência dela pra que eu colocasse aquele vestidinho justinho que eu detestava, da mamadeira durante a madrugada, do colo na hora do choro e do cuidado extremo.

Lembro de não conhecer toda maldade que tenho ciência hoje.
Como era bom correr, sentir o vento, livre de preocupações e responsabilidades, tendo pessoas que zelavam por mim e me protegeram ao máximo do mal que não queriam que eu descobrisse, mas que com o tempo seria inevitável não desvendá-lo, pois acabei descobrindo muita coisa, amargamente, por conta própria.

Lembro dos meus primos, dos meus tios, dos meus amigos, do primeiro beijo, das cartas, das viagens e tantas outras coisas que agente leva na bagagem.
Lembro da minha falecida vó, Dona Gildete, ou Vó Ziza, como a chamávamos quando éramos crianças. Lembro dela especificamente na casa da minha bisa, tão divertida, contando um porção de histórias, que acredite, quase me fizeram fazer xixi nas calças. Muito do meu pai me lembra ela.

Dedico à memória dela esta postagem. Sei que um dia poderemos nos ver novamente.

Faça com que a memória de cada dia valha a pena para ser disseminada com ternura, gerando esperança, para que os filhos dos nossos filhos saibam que a felicidade não está naquilo que se possa obter, mas naquilo que somos em essência. Aquilo que fará sempre parte de nós sem jamais depreciar.

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