segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Lana e Cadu. (Parte 3)


Em uma única golada exterminei meu iogurte. Corri para o corredor, tranquei a porta e logo chamei o elevador. Cruzei o braços, pisava inquietantemente com o calcanhar no chão, ajeitei a franja e finalmente chegou o elevador.
"Ei, segura a porta."
Joguei o braço entre as portas no impulso de mantê-las abertas.
Então um rapaz alto, os cabelos desengrenhados castanhos tão claros, que quando expostos a luminosidade do sol que entrava pela janela do corredor naquela manhã, faziam parecer quase dourados. Olhos cor de mel, que ao sol também exibiam um tom de verde bem discreto. Queixo rígido, ombros largos e um tom de voz aveludado que não cansa de se ouvir.
Então ele olhou pra mim, fazendo surgir um sorriso ridiculamente irresistível, revelando aquelas covinhas tão graciosas em suas bochechas.
"Obrigado!"
"Imagina." Sem que eu percebesse, já estava retribuindo o sorriso, com uma simpatia que não era de mim. Não que eu fosse mal educada, mas não costumava ser tão simpática com estranhos.
Olhei para o painel do elevador, com uma estranha vontade de encarar novamente meu novo vizinho. Ah, sim, ele havia se mudado há mais ou menos duas semanas para o apartamento em frente ao meu, mas eu não havia visto a cara do indivíduo em questão, até o momento aqui relatado.
Aconteça o que acontecer, eu não iria olhar para ele. O que ele iria pensar de mim? Foram os 10 segundos mais longos da minha vida. Comecei a idealizar que a energia elétrica acabasse e ficássemos presos ali no elevador, assim seríamos obrigados a nos conhecer melhor e quem sabe, não é mesmo?
Pensei em simular um desmaio pra que ele tivesse que me socorrer. Não sei porque estes pensamentos começaram surgir e eu resistia a todos os meus impulsos.
Quando o elevador parou no térreo, fui logo saindo, sem sequer olhar para ele novamente.
"Moça, espera!"
Imediatamente, como se estivesse obedecendo a um comando quase que militar parei. Respirei fundo e me virei enquanto pensava sorria, sorria, seja legal.
"Meu nome é Rafael, seu novo vizinho."
"Prazer, eu sou a La... La... Lana!"
Que raiva, minha voz falhando e eu gaguejando. Ótimo, agora eu iria parecer mais boba ainda, e ele continuava com aquele sorriso pateticamente lindo.
"Prazer!"
Então ouvi a buzina do carro de Cadu, me apressando e me fazendo voltar a realidade.
"Até mais, vizinha."
Ele disse enquanto eu caminhava para fora.

2 comentários:

  1. Lana teve um estremecimento por Rafael que Cadu já não consegue lhe causar... Nada é fácil. Segure o elevador! [sorrio] Abraço do blogueiro visitante e feliz 2012!

    “Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso.”
    (@JefhcardosoReal)

    Convido para leia e comente no http://jefhcardoso.blogspot.com

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