terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Introdução (Parte 1)



Eu acho que seria bobagem dizer que guardo uma caneta que ele me emprestou outro dia, só pra ter algo dele comigo. Só queria entender porque é tão difícil gostar de alguém. Por que a paixão é tão desmedida? Parece que sempre tem de ser irrecíproca. Quando você me quis, era eu quem não queria. Quando eu te quis, era sua vez de não me querer. Assim, nós vamos caminhando. Reproduzindo esse ciclo, enquanto todos os outros amores que entram e saem das nossas vidas nunca dão em nada. Nosso impasse, tão complicado, que as vezes penso que morreremos nos amando, sem coragem de admitir, ou se deixar envolver. Talvez eu mereça esse seu pensamento de que eu o vá machucar se você resolver abrir de novo seu coração. Fora suas outras opções de felicidade. Não sou do tipo que forço uma relação, muito menos do tipo que se declara e corre atrás. Não sei entender muito bem as pessoas que fazem isso.
Enfim, deixei em cima da escrivaninha meus rascunhos. Meus olhos praticamente já se fechavam sozinhos. Você deve se perguntar por quê eu não usava o meu computador. Bem, eu precisava terminar em dois dias o roteiro da peça, ou Cadu iria me matar. Meu computador simplesmente se recusava a ligar, então resolvi escrever, com a caneta que ele me emprestou outro dia, pra fazer umas correções na primeira parte do roteiro.
Meus olhos já não obedeciam o comando do cérebro, e até mesmo ele estava seduzido pelo sono.
Levantei, fui até o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Pensei que talvez despertasse um pouco, mas não resolveu. Estava demasiadamente cansada, mas antes tive de arrumar a escrivaninha, não suportava dormir olhando aquela bagunça.
Mesmo semi-acordada, fui até lá, juntei todas aquelas folhas e abri a primeira gaveta quando dei de cara com meu primeiro diário.
Acredito que minha mãe deva tê-lo encontrado em algum lugar e colocado ali, pois até então não estava.
Um onda de lembranças começou a se formar em minha mente. Li umas duas páginas, mas meus olhos estavam fartos, pesados e não me deixavam resistir.
Lembro que comecei escrever justamente quando ganhei o diário, depois logo passei a criar estórias, pois era péssima pra falar sobre os meus sentimentos, então as inventava para dizer coisas que eu gostaria de dizer, mas que de outra forma eu não conseguiria tão facilmente. Hoje, havia me tornado roteirista de teatro e cinema. Algumas vezes roteirizava alguns comerciais, novelas, entre outros, mas minhas grandes paixões eram o cinema e o teatro.
Guardei minhas 8 páginas escritas a mão na gaveta onde estava o diário e me joguei em minha cama. Deixei o sono me envolver, até que o dia viesse e eu acordasse com a ligação de Cadu.
"Acorda, Lana! Estou passando por aí em 20 minutinhos."

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